Tuesday, June 29, 2004

no momento em que me cresce nos olhos a morte dos sorrisos

as palavras são pancadas secas reinventadas numa natureza morta com lágrimas



com um sussurro na boca inspiro e expiro pétalas

E na explosão do silêncio, acabo de nascer na ausência



sim



as lágrimas cheiram a tulipas.



assusta-me a respiração desordenada dos instantes

onde o esquecimento está entre o sol e o sal.



dividida entre a luz inocente e as sílabas que a matam



devia fazer frio mas o sol é espesso



as tulipas e as mãos escrevem palavras no limiar da caligrafia

cristalizam-se estribilhos de mágoa



ninguém lê nas lacunas que separam a sombra dos dias

e onde começa a dor, voam lábios atados pelo silêncio.



a luz inocente aguarda a noite onde

as mãos abandonam-se aos dias por abrir



quando os rumores dão um nó nas lágrimas

que me bebem os olhos

as noites são frágeis e cortam o amanhecer



lentamente a luz cai sobre as palavras

tenho feridas no limiar da manhã quando vocábulos

dançam a pique numa metamorfose que

lentamente cai sobre as palavras





eue





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