Tuesday, October 9, 2007

Todas as pessoas sozinhas dançam devagar na sala de espera
mesmo que o dia seja quente e convide a passeios ao luar.
A música é sempre a mesma, assobiada ao ouvido
por um rapazinho tímido e fechado do qual não se sabe o nome
e a destreza que podemos alcançar, neste querer dar o passo certo,
é apenas uma mínima ideia da força dos nossos desejos.
Todas as pessoas sozinhas sorriem em frente ao espelho
e lavam os dentes como quem arranca beijos à emoção
de ter ali, à nossa frente, alguém de quem gostamos muito.
A porta da rua é um lugar onde só se sai,
a nossa família é uma fotografia pendurada na parede
e os amigos são aqueles que nos dão bons dias no café.
Todas as pessoas sozinhas gritam baixinho os nomes esquecidos
que outras pessoas sozinhas lhes sussurraram alto uma vez,
quando ainda éramos todos uns dos outros.
Engomada a camisa, vestimo-nos com o cuidado solene
daqueles que vestem camisas com emoção e significado
enquanto esperam a hora certa para morrer ou nascer.
Todas as pessoas sozinhas todas as pessoas sozinhas
embrulhadas em lençóis frescos porque é Verão
a rebolar as dores de pescoço pelas duas almofadas da cama
e a pensar que de tanto dormir assim sem ninguém
vai ser difícil voltar a adormecer só num dos cantos do colchão.
Todas as pessoas sozinhas todas as pessoas sozinhas.



Luís Filipe Cristóvão



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6 comments:

Anonymous said...

dá vontade de repetir: todas as pessoas sozinhas.
gostei muito lebre. não conhecia. beijo

Anonymous said...

é verdade isso que dizes, marta, dá vontade de repetir!

Anonymous said...

está lindo lindo. também não conhecia. :)

Anonymous said...

que surpresa tão tão tão boa ver aqui um poema do luís :)

Anonymous said...

oh

(...)

Anonymous said...

ui. eu tenho que voltar cá com Tempo. este teu blog é muito especial.