Wednesday, June 25, 2008

Sempre evitei falar de mim,
falar-me. Quis falar de coisas.
Mas na seleção dessas coisas
não haverá um falar de mim?

Não haverá nesse pudor
de falar-me uma confissão,
uma indireta confissão,
pelo avesso, e sempre impudor?

A coisa de que se falar
até onde está pura ou impura?
Ou sempre se impõe, mesmo impura-
mente, a quem dela quer falar?

Como saber, se há tanta coisa
de que falar ou não falar?
E se o evitá-la, o não falar,
é forma de falar da coisa?



João Cabral de Melo Neto



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6 comments:

Anonymous said...

irra que é um grande poeta. e com uma foto que também não está nada mal. enfim, este berloque é uma categoria.

Anonymous said...

ola. venho por este meio expressar o meu agrado pelo que por aqui encontro, quer na escrita, quer na imagem. Toda a vez que aqui venho é uma caixinha de surpresas brilhantes. Tenho pesquisado estes ultimos dias ( que tive mais tempo) por entre os arquivos e descobri coisas fascinantes, incluindo alguns poetas que guardo nas minhas referencias, assim como um ou outro fotografo. Contudo, e é esse o primeiro motivo deste comentário, desconheço uma poetisa que me tem dado a volta a cabeça e da qual nao tenho qualquer referencia e de quem gostaria de adquirir algumas obras, de seu nome Maria Sousa. Gostava se possivel que me deixasses alguma informação sobre ela, nomes de livros, nome completo, algo onde possa pegar para chegar à obra dela. Ficaria-te eternamente agradecido! A segunda razão que me trás aqui é a seguinte: fiz um copy+paste de um post teu do teu blog para o meu, sendo que está devidamente identificado onde o fui buscar. Gostaria que me dissesses se te importas ou se queres que o remova.. É algo que é extremamente raro acontecer no meu blog, normalmente ponho coisas escritas por mim ou referencias de livros que leio, nunca de blogs que visito, mas, dadas determinadas circunstancias na minha vida pessoal (e de certa forma sentimental tambem) aquele post encaixa perfeitamente neste momento particular que fazia questão de salientar no meu blog. O que eu quero com isto dizer é também que não é uma coisa recorrente, que não tornarei a fazê-lo e que se preferires que eu o remova, mesmo sendo tambem ele uma referencia e nao um texto original teu, eu removê-lo-ei se desejares. Despeço-me então aguardando uma resposta breve, a este assunto e ao da Maria Sousa, com votos de continuação do brilhante trabalho que tens feito até então.
Cumprimentos
Gonçalo

Anonymous said...

Obrigada, changuito:)

acoldzero, confesso que fiquei pasmada a olhar para o seu comentário, obrigada por tão rasgado elogio:)
Quanto à maria sousa, sou eu, e não estou editada, apenas uns poemas em algumas revistas.
Obrigada também pelos elogios à minha escrita (confesso que ainda não aprendi muito bem a reagir a elogios)

Claro que podes transcrever posts meus, desde que identifiques a sua origem.
:)

Anonymous said...

:) fico mesmo muito agradecido por nao te importares. no post há um link directo para o teu blog. Quanto aos elogios, são sinceros e não meramente bajuladores para atingir um fim. MESMO! E digo mais, do que tenho lido por aqui, as palavras escritas por ti são as que me têm suscitado mais emoções e com as quais mais me identifico. Espero que tenhas a sorte (porque ela tambem conta) de ir longe, porque acho que tens todo o potencial para isso. I Believe! Cumprimentos
Gonçalo

Anonymous said...

:)

este é o poema perfeito para o teu blog, parece que lhe é uma dedicatória.

Anonymous said...

eu adoro este poema, e sim, é muito do que eu penso que é o meu blog:)