acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três outros rostos que amei.
num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos
qual tarde de maio
como um trunfo escondido na manga
carrego comigo tua última carta
cortada
uma cartada
não, amor, isso não é literatura.
Ana Cristina César
coisinhas da lebre
Thursday, January 8, 2009
Tuesday, January 6, 2009
Vou guardar as tuas mãos na paixão que tenho por ti,
mas não te posso revelar o meu nome, nem precisas de o saber.
Chama-me o que quiseres, dá-me um nome para que possamos amarmo-nos.
Aquele que tinha perdi-o no caminho até aqui.
Pertencia a outra paixão, e já a esqueci.
Dá-me tu um nome para eu poder ficar contigo...
Al Berto
mas não te posso revelar o meu nome, nem precisas de o saber.
Chama-me o que quiseres, dá-me um nome para que possamos amarmo-nos.
Aquele que tinha perdi-o no caminho até aqui.
Pertencia a outra paixão, e já a esqueci.
Dá-me tu um nome para eu poder ficar contigo...
Al Berto
Monday, January 5, 2009
O piano de cauda das estrelas
tem raízes na música dos lagos.
Amar é a arte da música
num corpo moribundo. Morre-se
de um pequeno átomo de ansiedade e isso
é uma regra do jogo; só assim a morte andará descalça como
uma violeta pelos jardins da noite; só assim
nos restará a morte antes do fim.
O fruto do coração é pouco, semelhante à mágoa.
Olhar é uma página. Percorre-a a consciência de quando
não acontece nada. É preciso duvidar semeando limites
para ser-se ilimitado -- eis quando será legítimo enganar
os deuses. Maior que a montanha é
a gota de orvalho; maior que o sol é o movimento
da sombra. Os pássaros
não acontecem: vivem-se. É tarde
para inscrever o discurso da alegria
nas estruturas do ar?
Joaquim Pessoa
tem raízes na música dos lagos.
Amar é a arte da música
num corpo moribundo. Morre-se
de um pequeno átomo de ansiedade e isso
é uma regra do jogo; só assim a morte andará descalça como
uma violeta pelos jardins da noite; só assim
nos restará a morte antes do fim.
O fruto do coração é pouco, semelhante à mágoa.
Olhar é uma página. Percorre-a a consciência de quando
não acontece nada. É preciso duvidar semeando limites
para ser-se ilimitado -- eis quando será legítimo enganar
os deuses. Maior que a montanha é
a gota de orvalho; maior que o sol é o movimento
da sombra. Os pássaros
não acontecem: vivem-se. É tarde
para inscrever o discurso da alegria
nas estruturas do ar?
Joaquim Pessoa
Sunday, January 4, 2009
Na lista dos teus fins venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.
António Franco Alexandre
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.
António Franco Alexandre
Tuesday, December 30, 2008
Subscribe to:
Posts (Atom)