a lebre anda maravilhada e em modo tango
Corría el año 28 cuando Hilario Ufa también llamado Juan Castro alias 'el
torcaz' arribó a la gran urbe procedente de un pequeño pueblito en la zona sur
de nuestro país. Se largó a los arrabales y tuvo algún entrevero, se topó con
travas, bufas y malevos. Cantaba en los bodegones, su público era un borracho
que se dormía, en la otra mesa había una pareja que discutía, pero él no lo
sabía. Un día del año 35 en plaza Constitución cruzándose en la estación,
decidió pegarse el piro. Y ésta es la verídica historia de Hilario Ufa alias 'el
torcaz'.
Daniel Melingo "Ufa!" (raio de disquinho viciante)
Wednesday, August 31, 2005
Tuesday, August 30, 2005
Minha querida Birdie:
Encontrei-a agora mesmo do lado de fora do Tom Gate, andando com um ar muito rígido, e eu acho que ela estava a tentar dar com o caminho para os meus aposentos.
Por isso perguntei-lhe "Porque é que veio sem a Birdie?" E ela respondeu: "A Birdie foi-se embora! e a Emily também! e a Mabel não gosta de mim!" e duas lágrimas de cera correram pelas suas faces.
Ora esta, que parvoíce minha! Ainda não lhe disse de quem é que tenho estado a falar durante este tempo todo! Era a sua boneca nova. Fiquei muito satisfeito por a ver, e levei-a para a sala, e dei-lhe uns fósforos para comer, e uma boa chávena de cera derretida para beber, pois a pobrezinha estava cheia de fome e de sede após tão longa caminhada. Por isso disse-lhe: "Venha sentar-se à lareira enquanto conversamos os dois." "Oh, não, não!" Exclamou. "Prefiro não o fazer! Sabe que eu derreto facilmente!" E obrigou-me a leva-la para o outro canto da sala onde estava mais fresco: e então sentou-se no meu joelho e começou a abanar-se com um limpa-canetas porque, segundo me disse, receava que a ponta do nariz começasse a derreter.
"Não faz ideia do cuidado que nós, bonecas, temos que ter", confidenciou-me. "Olhe uma irmã minha" imagine só "aproximou-se muito destra da lareira para aquecer as mãos, e uma delas caiu de imediato! Está a ver?"
"Claro que caiu logo" disse eu "porque era a mão direita." "E como é que sabe que era a mão direita, Senhor Carroll?" perguntou a boneca.
E eu respondi: "Penso que tenha sido a mão direita porque ela era muito destra."
A boneca retorquiu "Não me rio. Acho que não tem graça nenhuma. Até uma vulgar boneca de madeira era capaz de arranjar uma piada melhor do que essa. E, alem disso, fizeram a minha boca tão rígida que eu, por muito que tente, não consigo rir!"
"Não fique zangada com isso", exclamei, "mas diga-me o seguinte: vou dar a Birdie e às outras crianças uma fotografia para cada uma delas escolher. Qual é que pensa que a Birdie preferiria?" "Não sei", afirmou a boneca: ¿Será melhor perguntar-lhe."
E assim lá a levei a casa de táxi. Qual é que a menina prefere? Arthur de Cupido? Ou Arthur e Wilfrid juntos? Ou a menina e Ethel de pedintes? Ou Ethel sentada numa caixa? Ou uma sua?
Afectuosamente, este seu amigo,
C.L. Dogson
Encontrei-a agora mesmo do lado de fora do Tom Gate, andando com um ar muito rígido, e eu acho que ela estava a tentar dar com o caminho para os meus aposentos.
Por isso perguntei-lhe "Porque é que veio sem a Birdie?" E ela respondeu: "A Birdie foi-se embora! e a Emily também! e a Mabel não gosta de mim!" e duas lágrimas de cera correram pelas suas faces.
Ora esta, que parvoíce minha! Ainda não lhe disse de quem é que tenho estado a falar durante este tempo todo! Era a sua boneca nova. Fiquei muito satisfeito por a ver, e levei-a para a sala, e dei-lhe uns fósforos para comer, e uma boa chávena de cera derretida para beber, pois a pobrezinha estava cheia de fome e de sede após tão longa caminhada. Por isso disse-lhe: "Venha sentar-se à lareira enquanto conversamos os dois." "Oh, não, não!" Exclamou. "Prefiro não o fazer! Sabe que eu derreto facilmente!" E obrigou-me a leva-la para o outro canto da sala onde estava mais fresco: e então sentou-se no meu joelho e começou a abanar-se com um limpa-canetas porque, segundo me disse, receava que a ponta do nariz começasse a derreter.
"Não faz ideia do cuidado que nós, bonecas, temos que ter", confidenciou-me. "Olhe uma irmã minha" imagine só "aproximou-se muito destra da lareira para aquecer as mãos, e uma delas caiu de imediato! Está a ver?"
"Claro que caiu logo" disse eu "porque era a mão direita." "E como é que sabe que era a mão direita, Senhor Carroll?" perguntou a boneca.
E eu respondi: "Penso que tenha sido a mão direita porque ela era muito destra."
A boneca retorquiu "Não me rio. Acho que não tem graça nenhuma. Até uma vulgar boneca de madeira era capaz de arranjar uma piada melhor do que essa. E, alem disso, fizeram a minha boca tão rígida que eu, por muito que tente, não consigo rir!"
"Não fique zangada com isso", exclamei, "mas diga-me o seguinte: vou dar a Birdie e às outras crianças uma fotografia para cada uma delas escolher. Qual é que pensa que a Birdie preferiria?" "Não sei", afirmou a boneca: ¿Será melhor perguntar-lhe."
E assim lá a levei a casa de táxi. Qual é que a menina prefere? Arthur de Cupido? Ou Arthur e Wilfrid juntos? Ou a menina e Ethel de pedintes? Ou Ethel sentada numa caixa? Ou uma sua?
Afectuosamente, este seu amigo,
C.L. Dogson
A mulher
organiza as sombras para evitar o escuro
na pele sente o medo
é prudente na batalha com as perguntas
que pousam no dia
sorriso
quando o som do telefone invade a sombra
nenhuma palavra lhe sai da voz
deverá falar como se fossem outras coisas a
respirar em vez do grito?
à janela, o vento e o sol, limpam-lhe as vozes
sobrepostas a dizer aquilo que a voz não diz.
mas não hoje
disse que não seria capaz de mudar
perdida no quarto, pequenino, onde utiliza os hábitos
como movimentos grosseiros
nenhuma palavra ali tem asas
fica apenas o silêncio onde a mulher fecha
as persianas e depois as cortinas
sem explicar o sentido do grito.
eue
organiza as sombras para evitar o escuro
na pele sente o medo
é prudente na batalha com as perguntas
que pousam no dia
sorriso
quando o som do telefone invade a sombra
nenhuma palavra lhe sai da voz
deverá falar como se fossem outras coisas a
respirar em vez do grito?
à janela, o vento e o sol, limpam-lhe as vozes
sobrepostas a dizer aquilo que a voz não diz.
mas não hoje
disse que não seria capaz de mudar
perdida no quarto, pequenino, onde utiliza os hábitos
como movimentos grosseiros
nenhuma palavra ali tem asas
fica apenas o silêncio onde a mulher fecha
as persianas e depois as cortinas
sem explicar o sentido do grito.
eue
Sunday, August 28, 2005
PERGUNTAS
Os ladrões vivem
nas águas furtadas?
O peito do pé usa soutien?
Em que carpintaria funciona
a Serra da Estrela?
Quando se come um prego, fica-se com ferrugem na barriga?
Em que mês aparecem
andorinhas no céu da boca?
O Sumo Pontífice é feito
de que sumo?
Em que guerra foi usado
o peixe espada?
Luísa Ducla Soares
Os ladrões vivem
nas águas furtadas?
O peito do pé usa soutien?
Em que carpintaria funciona
a Serra da Estrela?
Quando se come um prego, fica-se com ferrugem na barriga?
Em que mês aparecem
andorinhas no céu da boca?
O Sumo Pontífice é feito
de que sumo?
Em que guerra foi usado
o peixe espada?
Luísa Ducla Soares
Thursday, August 25, 2005
Tuesday, August 23, 2005
Monday, August 22, 2005
Não é difícil um homem apaixonar-se.
Ferir a sua paisagem,
cinzas de um passado caído, fluente.
Ao fim de vidas partilhadas pode ser que
diga " estremeci
durante anos sem te abraçar". Agora é tarde.
Agora é tarde sobre a terra cercada.
Por planícies ficou o desespero,
a dor lilás dos homens soçobrados
na paciência nocturna.
Só depois do terror os cães ladram fielmente
aos portais da manhã, só
após o gume das vidas partilhadas.
"Passei a vida a fugir para a tua boca",
e confundo já o teu rosto
com um qualquer.
Rui Coias
Ferir a sua paisagem,
cinzas de um passado caído, fluente.
Ao fim de vidas partilhadas pode ser que
diga " estremeci
durante anos sem te abraçar". Agora é tarde.
Agora é tarde sobre a terra cercada.
Por planícies ficou o desespero,
a dor lilás dos homens soçobrados
na paciência nocturna.
Só depois do terror os cães ladram fielmente
aos portais da manhã, só
após o gume das vidas partilhadas.
"Passei a vida a fugir para a tua boca",
e confundo já o teu rosto
com um qualquer.
Rui Coias
Sunday, August 21, 2005
Saturday, August 20, 2005
Friday, August 19, 2005
o que ali estava invisível (sim, sim o chapeleiro conhece-me muito bem)
Traços que me agradam especialmente…
Os traços que me agradam especialmente na cara de alguém, continuam a deliciar-me por mais vezes que veja essa pessoa. Com os quadros acontece o contrário. Se os vejo muito, já não me atraem.
Nem sequer olho para as pinturas do biombo que está ao lado do meu banco habitual.
Há algo fascinante nas caras bonitas. Ainda que um vaso ou um leque sejam feios, há sempre neles uma parte que podemos admirar com prazer. Seria de esperar que isto se aplicasse às caras, mas, não, nada pode salvar uma cara feia.
Sei Shonagon
(mais uma traduçao caseira da lebre)
Traços que me agradam especialmente…
Os traços que me agradam especialmente na cara de alguém, continuam a deliciar-me por mais vezes que veja essa pessoa. Com os quadros acontece o contrário. Se os vejo muito, já não me atraem.
Nem sequer olho para as pinturas do biombo que está ao lado do meu banco habitual.
Há algo fascinante nas caras bonitas. Ainda que um vaso ou um leque sejam feios, há sempre neles uma parte que podemos admirar com prazer. Seria de esperar que isto se aplicasse às caras, mas, não, nada pode salvar uma cara feia.
Sei Shonagon
(mais uma traduçao caseira da lebre)
Thursday, August 18, 2005
Wednesday, August 17, 2005
O dia acordou.
Levantou-se na ponta dos pés
e viu o mundo
ainda deitado com os sonhos
e encantações da noite.
Subiu aos montes,
deslizou pelas colinas
e escorreu para a cidade
apressado.
Apagou os candeeiros das ruas
esganou
sombras escondidas nos pátios e nas esquinas,
e depois de repartir pelos humanos
angústias e problemas
encarregou-os de o levar até ao fim.
Depois deu pela minha ausência
(estava ainda no meio do sonho
a negociar uma felicidade),
abriu a minha janela fechada
e com todo o seu peso caiu sobre mim
interrompendo as negociações.
Kiki Dimoulá
Levantou-se na ponta dos pés
e viu o mundo
ainda deitado com os sonhos
e encantações da noite.
Subiu aos montes,
deslizou pelas colinas
e escorreu para a cidade
apressado.
Apagou os candeeiros das ruas
esganou
sombras escondidas nos pátios e nas esquinas,
e depois de repartir pelos humanos
angústias e problemas
encarregou-os de o levar até ao fim.
Depois deu pela minha ausência
(estava ainda no meio do sonho
a negociar uma felicidade),
abriu a minha janela fechada
e com todo o seu peso caiu sobre mim
interrompendo as negociações.
Kiki Dimoulá
Tuesday, August 16, 2005
Sunday, August 14, 2005
Este Verão ensina-me
a amar as minhas cicatrizes
a enfeitar-me com marcas de estrangulamento no pescoço
Este Verão ensina-me
a fechar à chave a amargura e fico
bem roliça e anafada pareço bem tratada
Este Verão ensina-me
a gritar o bel canto
Este Verão ensina-me
que a solidão descansa
e cresce numa mão
Este Verão ensina-me
a não confundir um corpo disponível
com o desejo de felicidade
Este Verão ensina-me
a ser para cada pedra um espelho de água
Este Verão ensina-me
a amar grandes bolas de sabão e pequenas
antes de rebentarem
Este Verão ensina-me
que tudo sem nós
por si continua
Este Verão ensina-me
um rosto gelado feliz
Este Verão ensina-me
tenho que ser eu a bater no tambor
quando quiser dançar
este Verão ensina-me
a ser sem felicidade sem tristeza por uns
segundos aliada de Deus
Este Verão ensina-me
a acordar de manhã. Grata. Sozinha.
Este Verão ensina-me
que a folha do limoeiro só deita cheiro
quando a desfazemos entre os dedos.
Ulla Hahn
a amar as minhas cicatrizes
a enfeitar-me com marcas de estrangulamento no pescoço
Este Verão ensina-me
a fechar à chave a amargura e fico
bem roliça e anafada pareço bem tratada
Este Verão ensina-me
a gritar o bel canto
Este Verão ensina-me
que a solidão descansa
e cresce numa mão
Este Verão ensina-me
a não confundir um corpo disponível
com o desejo de felicidade
Este Verão ensina-me
a ser para cada pedra um espelho de água
Este Verão ensina-me
a amar grandes bolas de sabão e pequenas
antes de rebentarem
Este Verão ensina-me
que tudo sem nós
por si continua
Este Verão ensina-me
um rosto gelado feliz
Este Verão ensina-me
tenho que ser eu a bater no tambor
quando quiser dançar
este Verão ensina-me
a ser sem felicidade sem tristeza por uns
segundos aliada de Deus
Este Verão ensina-me
a acordar de manhã. Grata. Sozinha.
Este Verão ensina-me
que a folha do limoeiro só deita cheiro
quando a desfazemos entre os dedos.
Ulla Hahn
Thursday, August 11, 2005
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