Não adormeças: o vento ainda assobia no meu quarto
e a luz é fraca e treme e eu tenho medo
das sombras que desfilam pelas paredes como fantasmas
da casa e de tudo aquilo com que sonhes.
Não adormeças já. Diz-me outra vez do rio que palpitava
no coração da aldeia onde nasceste, da roupa que vinha
a cheirar a sonho e a musgo e ao trevo que nunca foi
de quatro folhas; e das ervas mais húmidas e chãs
com que em casa se cozinhavam perfumes que ainda hoje
te mordem os gestos e as palavras.
O meu corpo gela à míngua dos teus dedos, o sol vai
demorar-se a regressar. Há tempo para uma história
que eu não saiba e eu juro que, se não adormeceres,
serei tão leve que não hei-de pesar-te nunca na memória,
como na minha pesará para sempre a pedra do teu sono
se agora apenas me olhares de longe e adormeceres.
Maria do Rosário Pedreira
Wednesday, January 31, 2007
Tuesday, January 30, 2007
Exactamente como foi, o medo de me enganar
mais tarde na memória - é tudo o que me resta: estar
de noite às escuras a pensar em ti
E se me lembro mal, se troco as vezes, naquela
quinta-feira o dia do amor em vez de ser
na quarta, o erro surge-me gigante,
um peso carregado como Atlas
Por isso é que preciso de lembrar coisas
exactas, como aconteceu tudo; não só
transpor depois na ficção recolhida, sou eu
que te preciso e dos teus dias
que me foram meus
Lembrar-me exactamente como foi, o que usei
nesse dia e o que usei no outro, até que horas
tudo, se havia gente ou não
e em que dia. Porque as palavras depois se
reconstroem
O que se disse então torna-se fácil.
Assim dito parece coisa pouca,
lugar comum e
fácil, mas as noites são grandes
e lembrar-se
exactamente,
de uma forma correcta
é-me tão importante
dentro das noites a pensar em ti
sabendo: não te vejo nunca mais
Ana Luisa Amaral
mais tarde na memória - é tudo o que me resta: estar
de noite às escuras a pensar em ti
E se me lembro mal, se troco as vezes, naquela
quinta-feira o dia do amor em vez de ser
na quarta, o erro surge-me gigante,
um peso carregado como Atlas
Por isso é que preciso de lembrar coisas
exactas, como aconteceu tudo; não só
transpor depois na ficção recolhida, sou eu
que te preciso e dos teus dias
que me foram meus
Lembrar-me exactamente como foi, o que usei
nesse dia e o que usei no outro, até que horas
tudo, se havia gente ou não
e em que dia. Porque as palavras depois se
reconstroem
O que se disse então torna-se fácil.
Assim dito parece coisa pouca,
lugar comum e
fácil, mas as noites são grandes
e lembrar-se
exactamente,
de uma forma correcta
é-me tão importante
dentro das noites a pensar em ti
sabendo: não te vejo nunca mais
Ana Luisa Amaral
Monday, January 29, 2007
Thursday, January 25, 2007
a vida de família tornou-se bem difícil
com as contas a pagar os filhos a fazer
ou a evitar a ranhoca a limpar
a vida de família não tem razão de ser
não tem ração de querer
a vida de família jangada da medusa
é o tablado da antropofagia
mas ficam os retratos cristo virgem maria
e os sobreviventes, que vão chupando os dentes
Alexandre O’Neill
com as contas a pagar os filhos a fazer
ou a evitar a ranhoca a limpar
a vida de família não tem razão de ser
não tem ração de querer
a vida de família jangada da medusa
é o tablado da antropofagia
mas ficam os retratos cristo virgem maria
e os sobreviventes, que vão chupando os dentes
Alexandre O’Neill
Tuesday, January 23, 2007
Monday, January 22, 2007
Agora vai ser assim: nunca mais te verei.
Este facto simples, que todos me dizem ser simples, trivial,
e humano, como um destino orgânico e sensato,
fica em mim como um muro imóvel, um aspecto esquecido
e altivo de todas as coisa, de todas as palavra.
Sempre nos separaram as circunstãncia, e a essência
mesma dos dias, quando entre a relva e a copa das árvores
me esquecia de pensar, e o ar passava
por mim antes de erguer os caules verdes e alimentar
a vida sem imagens da paisagem. Marcávamos férias
em meses diferentes. O fim do ano, a páscoa, calhavam sempre
em outros dias. Tesouras surdas
rompiam o cordão dos telefones, e por engano
urgentes cartas atravessavam o planeta, apareciam
anos depois no arquivo municipal. E mais: a minha idade,
a tua, não poderiam nunca encontrar-se no mundo.
António Franco Alexandre
Este facto simples, que todos me dizem ser simples, trivial,
e humano, como um destino orgânico e sensato,
fica em mim como um muro imóvel, um aspecto esquecido
e altivo de todas as coisa, de todas as palavra.
Sempre nos separaram as circunstãncia, e a essência
mesma dos dias, quando entre a relva e a copa das árvores
me esquecia de pensar, e o ar passava
por mim antes de erguer os caules verdes e alimentar
a vida sem imagens da paisagem. Marcávamos férias
em meses diferentes. O fim do ano, a páscoa, calhavam sempre
em outros dias. Tesouras surdas
rompiam o cordão dos telefones, e por engano
urgentes cartas atravessavam o planeta, apareciam
anos depois no arquivo municipal. E mais: a minha idade,
a tua, não poderiam nunca encontrar-se no mundo.
António Franco Alexandre
Sunday, January 21, 2007
Saturday, January 20, 2007
Thursday, January 18, 2007
com o tempo na pele
o amanhã não passa de um vazio
há uma mesa posta, um cigarro aceso
e em cada sílaba histórias por acabar
como quem está de passagem
corro a cortina
tudo o que se agarra a mim são sombras
podia ter escrito sobre a tua ausência
é tarde
e com os lábios feridos
não consigo dizer coisas bonitas
Maria Sousa
o amanhã não passa de um vazio
há uma mesa posta, um cigarro aceso
e em cada sílaba histórias por acabar
como quem está de passagem
corro a cortina
tudo o que se agarra a mim são sombras
podia ter escrito sobre a tua ausência
é tarde
e com os lábios feridos
não consigo dizer coisas bonitas
Maria Sousa
Wednesday, January 17, 2007
Nós vivemos na cidade quase sempre perdidos
nas nossas pequenas razões. Estas ruas
ainda prometem mais do que podem cumprir?
A breve epifania do amor ou simplesmente
um cúmplice que nos diga, à mesa de um café,
que não faz mal, que pouco importam
as perdas e danos que sofremos.
De qualquer modo o mundo continua.
Entre o medo e a esperança
procuramos a nossa incerta morada
e enquanto isso envelhecemos mais um dia,
colhidos pelo tempo em plena queda. Nas praças,
nos quintais, a noite aparece depois do jantar
cheia de boas promessas, mas já vem condenada
ao tropel dos crentes, ao cego movimento da manhã.
Rui Pires Cabral
nas nossas pequenas razões. Estas ruas
ainda prometem mais do que podem cumprir?
A breve epifania do amor ou simplesmente
um cúmplice que nos diga, à mesa de um café,
que não faz mal, que pouco importam
as perdas e danos que sofremos.
De qualquer modo o mundo continua.
Entre o medo e a esperança
procuramos a nossa incerta morada
e enquanto isso envelhecemos mais um dia,
colhidos pelo tempo em plena queda. Nas praças,
nos quintais, a noite aparece depois do jantar
cheia de boas promessas, mas já vem condenada
ao tropel dos crentes, ao cego movimento da manhã.
Rui Pires Cabral
Tuesday, January 16, 2007
tradução caseira da lebre
Chuva de primavera, depois uma noite no verão.
Uma voz de homem, depois uma voz de mulher.
Cresceste, foste atingida por um relâmpago.
Quando abriste os olhos, estavas presa para sempre ao teu verdadeiro amor.
Só aconteceu uma vez. Depois cuidaram de ti,
a tua história terminou.
Aconteceu uma vez. Ser atingida foi como ser vacinada;
ficaste imune para o resto da vida,
quente e seca.
A menos que o golpe não tenha sido profundo o suficiente.
Assim não ficaste vacinada, ficaste viciada.
Louise Gluck
Chuva de primavera, depois uma noite no verão.
Uma voz de homem, depois uma voz de mulher.
Cresceste, foste atingida por um relâmpago.
Quando abriste os olhos, estavas presa para sempre ao teu verdadeiro amor.
Só aconteceu uma vez. Depois cuidaram de ti,
a tua história terminou.
Aconteceu uma vez. Ser atingida foi como ser vacinada;
ficaste imune para o resto da vida,
quente e seca.
A menos que o golpe não tenha sido profundo o suficiente.
Assim não ficaste vacinada, ficaste viciada.
Louise Gluck
Sunday, January 14, 2007
Saturday, January 13, 2007
tradução caseira da lebre
Elogiemos as mulheres estúpidas
(...)
Não vivem no mundo real, dizemos para nós próprios ternamente, mas que raio de critica é essa?
Se elas conseguem não viver nele, melhor para elas. Nós também preferíamos não viver.
E de facto elas não vivem nele, porque tais mulheres são ficção: compostas por outros, mas mais frequentemente por elas próprias, embora mesmo as mulheres estúpidas não sejam tão estúpidas como querem aparentar: elas fingem por amor.
Os homens amam-nas porque elas fazem com que mesmo os homens estúpidos se sintam espertos; as mulheres pela mesma razão, e porque são relembradas de todas as coisas estúpidas que elas próprias fizeram; mas acima de tudo porque sem elas não haveria história.
Nenhuma história! Nenhuma história! Imaginem um mundo sem histórias.
Hypocrite lecteuse!Ma semblable! Ma soeur! Elogiemos as mulheres estúpidas, que nos deram a literatura.
Margaret Atwood
Elogiemos as mulheres estúpidas
(...)
Não vivem no mundo real, dizemos para nós próprios ternamente, mas que raio de critica é essa?
Se elas conseguem não viver nele, melhor para elas. Nós também preferíamos não viver.
E de facto elas não vivem nele, porque tais mulheres são ficção: compostas por outros, mas mais frequentemente por elas próprias, embora mesmo as mulheres estúpidas não sejam tão estúpidas como querem aparentar: elas fingem por amor.
Os homens amam-nas porque elas fazem com que mesmo os homens estúpidos se sintam espertos; as mulheres pela mesma razão, e porque são relembradas de todas as coisas estúpidas que elas próprias fizeram; mas acima de tudo porque sem elas não haveria história.
Nenhuma história! Nenhuma história! Imaginem um mundo sem histórias.
Hypocrite lecteuse!Ma semblable! Ma soeur! Elogiemos as mulheres estúpidas, que nos deram a literatura.
Margaret Atwood
Thursday, January 11, 2007
No entanto hei-de falar-vos delas um dia, se me lembrar, se puder, das minhas estranhas dores, em pormenor, distinguindo entre os diferentes géneros, para maior clareza, as do entendimento, as do coração ou afectivas, as da alma (mais bonitas não há) e finalmente as do corpo propriamente dito, primeiro as internas ou latentes, depois as da superfície, começando pelo cabelo e couro cabeludo e descendo metodicamente, sem pressas, até aos adorados pés, lugar dos calos, cãibras, frieiras, joanetes, unhas encravadas, pústulas, gangrena, pé boto, pé de pato, pé-de-galo, pé-de-cabra, pé chato, pé de atleta e outras bizarrias. E, aos que tiverem a gentileza de me ouvir, falarei também, na mesma ocasião, de acordo com um sistema inventado já não me lembro por quem, daqueles instantes em que, sem se estar drogado, nem bêbado, nem em êxtase, não se sente nada.
Samuel Beckett
Samuel Beckett
Quando alguém parte, tem de deitar
ao mar o chapéu com as conchas
apanhadas ao longo do Verão,
e ir-se com o cabelo ao vento,
tem de lançar ao mar
a mesa que pôs para o seu amor,
tem de deitar ao mar
o resto de vinho que ficou no copo,
tem de dar o seu pão aos peixes
e misturar no mar uma gota de sangue,
tem de espetar bem a faca nas ondas
e afundar o sapato,
coração, âncora e cruz,
e ir-se com o cabelo ao vento!
Depois, regressará, Quando?
Não perguntes.
Ingeborg Bachmann
ao mar o chapéu com as conchas
apanhadas ao longo do Verão,
e ir-se com o cabelo ao vento,
tem de lançar ao mar
a mesa que pôs para o seu amor,
tem de deitar ao mar
o resto de vinho que ficou no copo,
tem de dar o seu pão aos peixes
e misturar no mar uma gota de sangue,
tem de espetar bem a faca nas ondas
e afundar o sapato,
coração, âncora e cruz,
e ir-se com o cabelo ao vento!
Depois, regressará, Quando?
Não perguntes.
Ingeborg Bachmann
Tuesday, January 9, 2007
Monday, January 8, 2007
Dir-te-ei quem sou,
houve um tempo,
tive um sonho,
lembro-me do teu rosto,
a tua voz já existia.
E ele atravessa a rua,
passando pelo tempo,
de pedra em pedra,
com um cigarro na mão
para pedir lume
ao cigarro alheio,
que brilha no outro lado,
ao cimo dos três degraus.
Vai ser assim:
dá-me lume, por favor?,
e o cigarro encostar-se-á ao seu,
o lume passará de um para outro,
de uma pessoa para outra pessoa,
e então,
no meio da eternidade deserta,
será sim o dia de hoje.
Mas a noite é imensa,
quer dizer:
a noite do lugar e do tempo,
a noite da nossa solidão
¿ é imensa,
e apenas um pequeno órgão vivo
palpita algures,
vibra rapidamente,
e amortece-se,
e desaparece.
Então,
uma vez mais
a noite se levanta de nós,
e o que estremece é a carne,
a nossa,
cega e desamparada
¿ mas fremente
na sua cegueira e desamparo.
Sabes que estás só?
pergunta a carne à carne ,
sabes que a noite se ergueu de ti,
como se fosses o seu próprio
e único talento,
e que esse talento te cerca
como uma atmosfera,
o morto clima que transportas em ti,
de um lado para outro,
ao longo das pedras,
ao longo de todos os lugares
do homem?
Ela sabe,
ou pelo menos
sabe que sabe.
E
é demasiado.
Por isso,
olha
e espera.
E vê de novo
a brasa que estremece
na escuridão
como uma planta
que crescesse
e florescesse na terra negra,
ou um animal
cujo calor abrisse uma brecha
no tempo frio.
A carne embriaga-se
com imprecisas metáforas de salvação
que salvação?!
com um movimento subterrâneo de analogias,
e ele diz:
vou pedir-lhe lume.
Vai através do bairro múltiplo,
o tempo que o escuro abafou,
e então
é como se fosse fora do tempo,
ou dentro de todo o tempo,
à procura do lume
para o seu cigarro.
Herberto Helder
houve um tempo,
tive um sonho,
lembro-me do teu rosto,
a tua voz já existia.
E ele atravessa a rua,
passando pelo tempo,
de pedra em pedra,
com um cigarro na mão
para pedir lume
ao cigarro alheio,
que brilha no outro lado,
ao cimo dos três degraus.
Vai ser assim:
dá-me lume, por favor?,
e o cigarro encostar-se-á ao seu,
o lume passará de um para outro,
de uma pessoa para outra pessoa,
e então,
no meio da eternidade deserta,
será sim o dia de hoje.
Mas a noite é imensa,
quer dizer:
a noite do lugar e do tempo,
a noite da nossa solidão
¿ é imensa,
e apenas um pequeno órgão vivo
palpita algures,
vibra rapidamente,
e amortece-se,
e desaparece.
Então,
uma vez mais
a noite se levanta de nós,
e o que estremece é a carne,
a nossa,
cega e desamparada
¿ mas fremente
na sua cegueira e desamparo.
Sabes que estás só?
pergunta a carne à carne ,
sabes que a noite se ergueu de ti,
como se fosses o seu próprio
e único talento,
e que esse talento te cerca
como uma atmosfera,
o morto clima que transportas em ti,
de um lado para outro,
ao longo das pedras,
ao longo de todos os lugares
do homem?
Ela sabe,
ou pelo menos
sabe que sabe.
E
é demasiado.
Por isso,
olha
e espera.
E vê de novo
a brasa que estremece
na escuridão
como uma planta
que crescesse
e florescesse na terra negra,
ou um animal
cujo calor abrisse uma brecha
no tempo frio.
A carne embriaga-se
com imprecisas metáforas de salvação
que salvação?!
com um movimento subterrâneo de analogias,
e ele diz:
vou pedir-lhe lume.
Vai através do bairro múltiplo,
o tempo que o escuro abafou,
e então
é como se fosse fora do tempo,
ou dentro de todo o tempo,
à procura do lume
para o seu cigarro.
Herberto Helder
Sunday, January 7, 2007
Nunca mais regressaste a casa desde agosto.
O teu lugar à mesa ficou vazio. Eu passei a coleccionar
os nomes de coisas distantes, sentei-me a desenhar
sistemas de coordenadas, soletrei os hemisférios
das palavras, regressei às zonas epidérmicas do toque,
à fome anatómica dos gestos, às regiões endémicas
dos sismos, à solidão unívoca das margens dos rios,
ao silêncio lento das magnólias. Trouxe o domingo
para dentro de casa e guardei-o junto ao parto
em que me deste à luz.
Digo: Os dias são todos de morrer.
Nenhuma das memórias que tenho de ti
sabe negar essa evidência.
José Rui Teixeira
O teu lugar à mesa ficou vazio. Eu passei a coleccionar
os nomes de coisas distantes, sentei-me a desenhar
sistemas de coordenadas, soletrei os hemisférios
das palavras, regressei às zonas epidérmicas do toque,
à fome anatómica dos gestos, às regiões endémicas
dos sismos, à solidão unívoca das margens dos rios,
ao silêncio lento das magnólias. Trouxe o domingo
para dentro de casa e guardei-o junto ao parto
em que me deste à luz.
Digo: Os dias são todos de morrer.
Nenhuma das memórias que tenho de ti
sabe negar essa evidência.
José Rui Teixeira
Thursday, January 4, 2007
Wednesday, January 3, 2007
As mãos
(..)
Ambas podiam, consoante a ocasião, chamar a si qualquer destas funções - acariciar ou agredir - embora sempre de maneiras diferentes.
Apesar de apenas uma, provavelmente a que mais próxima estava do meu espírito, fazer o mar vir à superfície daquilo em que tocava, era impossível distingui-las, sobretudo pelo facto de elas, sem que alguma vez tenhamos descoberto de que modo, permutarem entre si.
Nunca sabíamos qual de ambas se encontrava grávida da outra.
Luis Miguel Nava
(..)
Ambas podiam, consoante a ocasião, chamar a si qualquer destas funções - acariciar ou agredir - embora sempre de maneiras diferentes.
Apesar de apenas uma, provavelmente a que mais próxima estava do meu espírito, fazer o mar vir à superfície daquilo em que tocava, era impossível distingui-las, sobretudo pelo facto de elas, sem que alguma vez tenhamos descoberto de que modo, permutarem entre si.
Nunca sabíamos qual de ambas se encontrava grávida da outra.
Luis Miguel Nava
a menina prima dona perguntou e eu respondo
quando for grande quero ser:
dona duma livraria
mas, no fundo, no fundo não quero crescer
e vocês? Pedro , Palmeira, Jone e Manel
quando for grande quero ser:
dona duma livraria
mas, no fundo, no fundo não quero crescer
e vocês? Pedro , Palmeira, Jone e Manel
Subscribe to:
Posts (Atom)