Friday, August 29, 2008
Thursday, August 28, 2008
Wednesday, August 27, 2008
Tuesday, August 26, 2008
Monday, August 25, 2008
Saturday, August 23, 2008
Thursday, August 21, 2008
A quem deixar o meu guarda-roupa oculto
o guarda-roupa fantasma
de todos os vestidos
que tive e que me abandonaram
os vestidos
que nunca tive e que vesti em segredo
O vestido que veio demasiado cedo
e que nunca me caiu bem
o vestido
que chegou já tarde
para ir à festa
quando eu já tinha adormecido
O vestido de criança
tão igual ao vestido
da primeira boneca
O da menina com o corpete já estreito
que apertava os seios doendo-lhe em casulo
O da adolescente que pressentia o homem
ladrão de túnicas na sesta sufocante
O vestido esquecido
da mulher que sob a sombra
do homem eclipse ocultou-se uma noite
e amanheceu como a lua cheia
surpreendida pela luz na metade do céu
O vestido de guerra rasgado
como bandeira
da mãe partida em dois
para sentir-se inteira
O vestido de luto que não levei para os meus
mortos
que ainda vivem
Os vestidos que alguém me emprestou para sonhar
...Quando chegar a morte também será um vestido
que não verei porque estarei a dormir.
Josefina Plá
o guarda-roupa fantasma
de todos os vestidos
que tive e que me abandonaram
os vestidos
que nunca tive e que vesti em segredo
O vestido que veio demasiado cedo
e que nunca me caiu bem
o vestido
que chegou já tarde
para ir à festa
quando eu já tinha adormecido
O vestido de criança
tão igual ao vestido
da primeira boneca
O da menina com o corpete já estreito
que apertava os seios doendo-lhe em casulo
O da adolescente que pressentia o homem
ladrão de túnicas na sesta sufocante
O vestido esquecido
da mulher que sob a sombra
do homem eclipse ocultou-se uma noite
e amanheceu como a lua cheia
surpreendida pela luz na metade do céu
O vestido de guerra rasgado
como bandeira
da mãe partida em dois
para sentir-se inteira
O vestido de luto que não levei para os meus
mortos
que ainda vivem
Os vestidos que alguém me emprestou para sonhar
...Quando chegar a morte também será um vestido
que não verei porque estarei a dormir.
Josefina Plá
Wednesday, August 20, 2008
quando as memórias estiverem frias
por falta de vontade de fugir ao vazio
como quando fechas os olhos com força
e não consegues encontrar respostas
as imagens são pontos mal definidos
pelo cigarro aceso
quando as janelas
nos devolvem o peso da solidão
talvez seja tarde para pensar em regressos
maria sousa
por falta de vontade de fugir ao vazio
como quando fechas os olhos com força
e não consegues encontrar respostas
as imagens são pontos mal definidos
pelo cigarro aceso
quando as janelas
nos devolvem o peso da solidão
talvez seja tarde para pensar em regressos
maria sousa
Tuesday, August 19, 2008
Aos poucos um corpo, como diz o outro,
vai ficando sozinho, bate com as portas,
recua e recua. Quando dá por isso,
já não sabe dançar, conta as estações
pela volta do correio. Assim se começa
a olhar para trás, por cima do ombro,
pegando nas coisas pelo lado mais fraco.
Pagamos o preço de querer dissecar,
fibra por fibra, em prol da ciência,
o músculo baixo, descoordenado,
a que chamamos ai coração ai.
José Miguel Silva
vai ficando sozinho, bate com as portas,
recua e recua. Quando dá por isso,
já não sabe dançar, conta as estações
pela volta do correio. Assim se começa
a olhar para trás, por cima do ombro,
pegando nas coisas pelo lado mais fraco.
Pagamos o preço de querer dissecar,
fibra por fibra, em prol da ciência,
o músculo baixo, descoordenado,
a que chamamos ai coração ai.
José Miguel Silva
Monday, August 18, 2008
Vou falhando as pequenas coisas
que me são solicitadas.
Sentindo que as ciladas
se acumulam cada vez que falo.
Preferi hoje o silêncio.
A ausência de equívocos
não é partilhável.
No inegociável deste dia,
destituo-me de palavras.
O silêncio não se recomenda.
Deixa-nos demasiado sós,
visitados pelo pensamento.
Luís Quintais
que me são solicitadas.
Sentindo que as ciladas
se acumulam cada vez que falo.
Preferi hoje o silêncio.
A ausência de equívocos
não é partilhável.
No inegociável deste dia,
destituo-me de palavras.
O silêncio não se recomenda.
Deixa-nos demasiado sós,
visitados pelo pensamento.
Luís Quintais
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