O que é a realidade?
Sou uma boneca de geso, eu poso
com olhos que abrem sem horizonte ou anoitecer
para pessoas envernizadas a sorrir,
olhos que abrem, azuis, aço e fecham.
Sou uma espécie de transplante de I . Magnin?
Tenho cabelo, anjo preto,
recheio de anjo-preto para pentear,
pernas de nylon, braços luminosos
e algumas roupas dos anúncios.
Vivo numa casa de bonecas
com quatro cadeiras,
uma mesa de imitação, um telhado plano
e uma grande porta de entrada.
Muitos chegaram a esta encruzilhada tão pequena.
Há uma cama de ferro,
(a vida alarga, a vida faz pontaria)
um chão de cartão,
janelas que se escancaram para a cidade de alguém,
e pouco mais.
Alguém brinca comigo,
planta-me numa cozinha toda eléctrica
Foi isto que a Sra. Rombauer disse?
Alguém finge comigo-
estou emparedada em sólido pelo seu barulho -
uu põem-me em cima da sua cama arrumada.
Eles acham que eu sou eu!
O calor deles? O calor deles não é um amigo!
Eles forçam a minha boca para os seus copos de gin
e para o seu pão rançoso.
O que é a realidade
para esta boneca sintética
que devia sorrir, que devia meter as mudanças
que devia escancarar as portas numa desordem sadia
sem evidencias de ruínas ou medos?
Mas eu choraria
enraizada na parede que
em tempos já foi minha mãe
se me lembrasse como
e se eu tivesse lágrimas.
anne sexton
Monday, October 6, 2008
O que é a realidade?
Sou uma boneca de geso, eu poso
com olhos que abrem sem horizonte ou anoitecer
para pessoas envernizadas a sorrir,
olhos que abrem, azuis, aço e fecham.
Sou uma espécie de transplante de I . Magnin?
Tenho cabelo, anjo preto,
recheio de anjo-preto para pentear,
pernas de nylon, braços luminosos
e algumas roupas dos anúncios.
Vivo numa casa de bonecas
com quatro cadeiras,
uma mesa de imitação, um telhado plano
e uma grande porta de entrada.
Muitos chegaram a esta encruzilhada tão pequena.
Há uma cama de ferro,
(a vida alarga, a vida faz pontaria)
um chão de cartão,
janelas que se escancaram para a cidade de alguém,
e pouco mais.
Alguém brinca comigo,
planta-me numa cozinha toda eléctrica
Foi isto que a Sra. Rombauer disse?
Alguém finge comigo-
estou emparedada em sólido pelo seu barulho -
uu põem-me em cima da sua cama arrumada.
Eles acham que eu sou eu!
O calor deles? O calor deles não é um amigo!
Eles forçam a minha boca para os seus copos de gin
e para o seu pão rançoso.
O que é a realidade
para esta boneca sintética
que devia sorrir, que devia meter as mudanças
que devia escancarar as portas numa desordem sadia
sem evidencias de ruínas ou medos?
Mas eu choraria
enraizada na parede que
em tempos já foi minha mãe
se me lembrasse como
e se eu tivesse lágrimas.
anne sexton
Sou uma boneca de geso, eu poso
com olhos que abrem sem horizonte ou anoitecer
para pessoas envernizadas a sorrir,
olhos que abrem, azuis, aço e fecham.
Sou uma espécie de transplante de I . Magnin?
Tenho cabelo, anjo preto,
recheio de anjo-preto para pentear,
pernas de nylon, braços luminosos
e algumas roupas dos anúncios.
Vivo numa casa de bonecas
com quatro cadeiras,
uma mesa de imitação, um telhado plano
e uma grande porta de entrada.
Muitos chegaram a esta encruzilhada tão pequena.
Há uma cama de ferro,
(a vida alarga, a vida faz pontaria)
um chão de cartão,
janelas que se escancaram para a cidade de alguém,
e pouco mais.
Alguém brinca comigo,
planta-me numa cozinha toda eléctrica
Foi isto que a Sra. Rombauer disse?
Alguém finge comigo-
estou emparedada em sólido pelo seu barulho -
uu põem-me em cima da sua cama arrumada.
Eles acham que eu sou eu!
O calor deles? O calor deles não é um amigo!
Eles forçam a minha boca para os seus copos de gin
e para o seu pão rançoso.
O que é a realidade
para esta boneca sintética
que devia sorrir, que devia meter as mudanças
que devia escancarar as portas numa desordem sadia
sem evidencias de ruínas ou medos?
Mas eu choraria
enraizada na parede que
em tempos já foi minha mãe
se me lembrasse como
e se eu tivesse lágrimas.
anne sexton
tradução caseira da lebre
O que é a realidade?
Sou uma boneca de gesso, eu poso
com olhos que abrem sem horizonte ou anoitecer
para pessoas envernizadas a sorrir,
olhos que abrem e fecham, azuis aço.
Sou uma espécie de transplante de I . Magnin?
Tenho cabelo, anjo preto,
recheio de anjo-preto para pentear,
pernas de nylon, braços luminosos
e algumas roupas dos anúncios.
Vivo numa casa de bonecas
com quatro cadeiras,
uma mesa de imitação, um telhado plano
e uma grande porta de entrada.
Muitos chegaram a esta encruzilhada tão pequena.
Há uma cama de ferro,
(a vida alarga, a vida faz pontaria)
um chão de cartão,
janelas que se escancaram para a cidade de alguém,
e pouco mais.
Alguém brinca comigo,
planta-me numa cozinha toda eléctrica
Foi isto que a Sra. Rombauer disse?
Alguém finge comigo -
estou emparedada em sólido pelo seu barulho -
uu põem-me em cima da sua cama arrumada.
Eles acham que eu sou eu!
O calor deles? O calor deles não é um amigo!
Eles forçam a minha boca para os seus copos de gin
e para o seu pão rançoso.
O que é a realidade
para esta boneca sintética
que devia sorrir, que devia meter as mudanças
que devia escancarar as portas numa desordem sadia
sem evidencias de ruínas ou medos?
Mas eu choraria
enraizada na parede que
em tempos já foi minha mãe
se me lembrasse como
e se eu tivesse lágrimas.
Anne Sexton
O que é a realidade?
Sou uma boneca de gesso, eu poso
com olhos que abrem sem horizonte ou anoitecer
para pessoas envernizadas a sorrir,
olhos que abrem e fecham, azuis aço.
Sou uma espécie de transplante de I . Magnin?
Tenho cabelo, anjo preto,
recheio de anjo-preto para pentear,
pernas de nylon, braços luminosos
e algumas roupas dos anúncios.
Vivo numa casa de bonecas
com quatro cadeiras,
uma mesa de imitação, um telhado plano
e uma grande porta de entrada.
Muitos chegaram a esta encruzilhada tão pequena.
Há uma cama de ferro,
(a vida alarga, a vida faz pontaria)
um chão de cartão,
janelas que se escancaram para a cidade de alguém,
e pouco mais.
Alguém brinca comigo,
planta-me numa cozinha toda eléctrica
Foi isto que a Sra. Rombauer disse?
Alguém finge comigo -
estou emparedada em sólido pelo seu barulho -
uu põem-me em cima da sua cama arrumada.
Eles acham que eu sou eu!
O calor deles? O calor deles não é um amigo!
Eles forçam a minha boca para os seus copos de gin
e para o seu pão rançoso.
O que é a realidade
para esta boneca sintética
que devia sorrir, que devia meter as mudanças
que devia escancarar as portas numa desordem sadia
sem evidencias de ruínas ou medos?
Mas eu choraria
enraizada na parede que
em tempos já foi minha mãe
se me lembrasse como
e se eu tivesse lágrimas.
Anne Sexton
Sunday, October 5, 2008
tradução caseira da lebre
Isto foi um erro,
estes braços e pernas
que já não funcionam
agora está partido
sem espaço para desculpas.
A terra não conforta,
Apenas cobre
Se tiveres a decência de ficar quieto
O sol não perdoa,
Olha e continua a andar.
A noite infiltra-se em nós
através dos acidentes que
provocámos um ao outro
da próxima vez que cometermos
amor, devemos
escolher primeiro o que matar.
Margaret Atwood
Isto foi um erro,
estes braços e pernas
que já não funcionam
agora está partido
sem espaço para desculpas.
A terra não conforta,
Apenas cobre
Se tiveres a decência de ficar quieto
O sol não perdoa,
Olha e continua a andar.
A noite infiltra-se em nós
através dos acidentes que
provocámos um ao outro
da próxima vez que cometermos
amor, devemos
escolher primeiro o que matar.
Margaret Atwood
Saturday, October 4, 2008
Thursday, October 2, 2008
Mapa de Anatomia: O Olho
O olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas,
naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.
O olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no olho, lágrimas.
Cecília Meireles
O olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas,
naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.
O olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no olho, lágrimas.
Cecília Meireles
Subscribe to:
Posts (Atom)