Wednesday, February 9, 2005

A noite sustém-se

sem respirar, tal como um esforço.

Mais devagar, sem brisa

benevolente que num instante aviva

o duvidoso cansaço, precipita

a solução do sono.

De umas luzes iguais

vela alta parede de janelas.

Carne sozinha insone, corpos

como a mão decepada jazem,

debruçam-se, buscam o amor do ar

- e a brasa que esgotam ilumina

olhos onde não dorme

a ansiedade, a infinita esperança com que aflige

a noite, quando volta



Jaime Gil de Biedma





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