Friday, March 11, 2005
Impossível cantar-te
Como cantei o amor adolescente
Colorindo de ingenuidade
Paisagens e figuras reduzindo-o
À mesma atmosfera rarefeita
Do sonho sem percurso no real
Impossível tomar o íngreme caminho
Da aventura mental
Ou imaginar-te pelo fio estéril
Da solitária imaginação
Tão-pouco desenhar-te como estrela
Neste céu infame
Dizer-te em linguagem de jornal
Ou levar-te á emoção dos outros
Pela voz contrafeita da poesia
Impossível não tentar dizer-te
Com as poucas palavras que nos ficam
Da usura dos dias
Do grotesco discurso que escutamos
Proferimos
Transitos de sonho no ramal do tempo
Onde estamos como ervas
Pedrinhas
Coisas perfeitamente inúteis
Pequenas conversas de ferrugem de musgo
Queixas
Alexandre O’neill
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