I
vejo-te na soleira da porta
hesitas. em cena apenas estou eu
penso em mudar-me mas entre erros
e desculpas falta-me espaço
se contares histórias serão daquelas que
ninguém quer ouvir
relatos de passeios de domingo onde há sempre ruínas
sim, restaram apenas ruínas escavadas no interior dos olhos
II
entras, não tens medo
rodeado de olhares com sono que ainda não sabem
que as palavras são sempre as mesmas
(uma espécie de cerimónia onde te repetes para evitar a morte)
mentimos os dois sobre uma história feita de fragmentos
dizes que nem sempre o guião é o mesmo
mas repetes-me o teu monólogo ao ouvido
“deixa-me sair” vou abandonar a personagem
que balança no vazio
ultima tentativa: observo-te e tu já não me vês
conheces-me tão pouco, não, isto…
isto não é um dueto, é um duelo
friamente o silêncio cai sobre nós
não há vozes nem adereços
(a cena está vazia)
há apenas uma cortina de vento onde as palavras
nunca se moldaram
eue
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