agora, que regresso, são novos os retratos
sobre o tampo da mesa; e outros também
os livros e os enredos e as histórias
concebidas sobre a cama onde antes se
demorava o meu perfume se eu partia.
é como se voltasse apenas de perfil; e
do romance outrora longamente entalado
entre os dedos já só sobrasse uma lombada
estreita, acanhada na estante. Havia um
sonho exausto sobre as minhas pálpebras
antes de ter chegado; e agora,
que regresso, não tenho voz que o diga -
sou de lugar nenhum, ninguém me tem.
chama-me, se quiseres. Talvez a porta se abra
se disseres o meu nome devagar. Di-lo
mais uma vez dentro da minha boca, a trocar
o corpo com o meu. Assim, antes que eu parta
outra vez, de vez, para um lugar qualquer
onde não mais se espere o que não volta.
Maria do Rosário Pedreira
2 comments:
Não concordo contigo: ha outras Alices... Sontag escreveu-as, e mesmo eu, que das coisas do mundo pouco sei, conheço duas ou três Alices, e todas ainda caem na toca do coelho.
lindíssimo este poema e não conhecia a autora. sempre a descobrir coisas maravilhosas neste blog
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