Monday, May 1, 2006

Escreves-me cartas, sou o destinatário
da tua solidão. E sempre compreendo
tudo, mesmo o que não dizes, o que tinge
as entrelinhas de um branco desespero

que é tanto teu como meu: não tens
quem te salve, envelheceste, trataste mal
de um jardim que não chegou a vingar.
Se nos cruzássemos nas ruas desta cidade

entre desconhecidos de toda a sorte, talvez
nos sentássemos a falar da nossa vida, isto é,
de como vamos ficando cada vez mais orfãos
de nós próprios. Ou, pensando bem, talvez não.


Rui Pires Cabral

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3 comments:

Anonymous said...

ai...

Anonymous said...

Parabéns pelo poste; parabéns pelo blogue. Muito inspirador.

Saúde e até breve.

Anonymous said...

ouch. :/