À infância só se chega partindo de muito longe. A infância é aí, onde partes, não onde chegas. Olha para trás. Que vês? Nada.
A memória é a única coisa que verdadeiramente te pertence, mas lembras-te de um estranho. Como poderias, há muitos anos, saber que eras apenas a lembrança de um estranho:
tu?
Lembras-te do carrinho de pau? Lembras-te do poço? O que havia debaixo da cama? O que estava escondido atrás dos cortinados?
Palavras é tudo o que tens. O carrinho de pau: palavras. O cão: palavras. O medo: palavras. Alguma vez tiveste outra coisa? Manuel António Pina
5 comments:
Que texto fantástico do MAP, Lebre!
Só me apetece relê-lo. Está a custar-me sair...
pois é, raa, eu ainda não consegui sair, desde sábado que o ando a ler e a reler.
é fabuloso:)
hmmm quase todas as fotos têm UMA mulher
acaso?
A memória. A infância. As palavras.
"Alguma vez tiveste outra coisa?"
Alguma vez tivemos outra coisa?
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