O ROSTO DA MATÉRIA
Parece simples
a simplicidade que vem das coisa
se nos encontra a meio do caminho
entre o que não fizemos
e o que não faremos.
Também elas percorrem os círculos
do poço em que se afundam
a boca negra de onde sai a tinta
e espalha a luz do dia
igual á luz da noite.
Tratam-se por tu as coisas
e esta intimidade
flutua no ar do papel
onde crianças voam com as cores
de um papagaio pois não é assim que o vento faz o vento
desde todo o sempre?
Sempre as crianças brincaram com a chuva
corsários da terra enlameada
sujos de uma alegria
que ninguém despe
mas desfaz o tempo e tudo o que pensamos
da simplicidade das coisas.
Essa lama que vive no rosto da criança
é a única matéria do traço
é a limpidez do ar.
Rosa Alice Branco
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