Sunday, December 5, 2004





A tarde estava errada,

não era dali, era de outro domingo,

quando ainda não tinhas acontecido,

e apenas eras uma memória parada

sonhando (no meu sonho) comigo.



E eu, como um estranho, passava

no jardim fora de mim como alguém de quem alguém se lembrava

vagamente(talvez tu),

num tempo alheio e impresente.



Tudo estava no seu lugar

(o teu lugar), excepto a tua existência,

que te aguardava ainda, no limiar

de uma súbita ausência,

principalmente de sentido.



Manuel António Pina



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