para um zuluzinho
CLARIDADE DADA PELO TEMPO
III
Viver com a crueldade
da criança que
tira os olhos ao pássaro
um desconhecido
movendo-se constantemente
no deserto
em que cada pegada deixa
bem marcada na areia
a imagem
dessa outra existência
em que a morte e a memória
ainda nada significam
mais alto
muto mais alto talvez
que a claridade
do voo das aves que
partem para o desconhecido
o próprio corpo nada mais é
do que a sombra bem simples por sinal
em que,
por erro nosso ou dos outros,
já não existe
a persistência do que
foi perdido
e as mãos
as mãos que sentimos
bem presas seguras aptas
essas
todos sabemos
que podem ainda cada vez mais
esmagar com cuidado
com extremo cuidado
dilacerar suavemente
nos olhos
está o amor
Mário-Henrique Leiria
Wednesday, June 30, 2004
Tuesday, June 29, 2004
no momento em que me cresce nos olhos a morte dos sorrisos
as palavras são pancadas secas reinventadas numa natureza morta com lágrimas
com um sussurro na boca inspiro e expiro pétalas
E na explosão do silêncio, acabo de nascer na ausência
sim
as lágrimas cheiram a tulipas.
assusta-me a respiração desordenada dos instantes
onde o esquecimento está entre o sol e o sal.
dividida entre a luz inocente e as sílabas que a matam
devia fazer frio mas o sol é espesso
as tulipas e as mãos escrevem palavras no limiar da caligrafia
cristalizam-se estribilhos de mágoa
ninguém lê nas lacunas que separam a sombra dos dias
e onde começa a dor, voam lábios atados pelo silêncio.
a luz inocente aguarda a noite onde
as mãos abandonam-se aos dias por abrir
quando os rumores dão um nó nas lágrimas
que me bebem os olhos
as noites são frágeis e cortam o amanhecer
lentamente a luz cai sobre as palavras
tenho feridas no limiar da manhã quando vocábulos
dançam a pique numa metamorfose que
lentamente cai sobre as palavras
eue
as palavras são pancadas secas reinventadas numa natureza morta com lágrimas
com um sussurro na boca inspiro e expiro pétalas
E na explosão do silêncio, acabo de nascer na ausência
sim
as lágrimas cheiram a tulipas.
assusta-me a respiração desordenada dos instantes
onde o esquecimento está entre o sol e o sal.
dividida entre a luz inocente e as sílabas que a matam
devia fazer frio mas o sol é espesso
as tulipas e as mãos escrevem palavras no limiar da caligrafia
cristalizam-se estribilhos de mágoa
ninguém lê nas lacunas que separam a sombra dos dias
e onde começa a dor, voam lábios atados pelo silêncio.
a luz inocente aguarda a noite onde
as mãos abandonam-se aos dias por abrir
quando os rumores dão um nó nas lágrimas
que me bebem os olhos
as noites são frágeis e cortam o amanhecer
lentamente a luz cai sobre as palavras
tenho feridas no limiar da manhã quando vocábulos
dançam a pique numa metamorfose que
lentamente cai sobre as palavras
eue
Monday, June 28, 2004
Sunday, June 27, 2004
guardarei do teu rosto apenas o nome. a dor do espinho rasgando a pele para que nela entre uma palavra, somente uma palavra, gravada na coluna que sustentava a nossa infância.
o mel e o azeite reúnem-se entre flores e mantas de musgo. mesmo no interior da cidade. o pão reveste-nos de sombra. o teu nome reveste-nos de dor nesta noite em que vigiamos o forno do alto da mais alta torre.
pouco ficou da viagem: o rio nutrindo-se da ponte e da figueira. o teu nome - alimentando o sangue que guardo neste poema.
Ruy Ventura
o mel e o azeite reúnem-se entre flores e mantas de musgo. mesmo no interior da cidade. o pão reveste-nos de sombra. o teu nome reveste-nos de dor nesta noite em que vigiamos o forno do alto da mais alta torre.
pouco ficou da viagem: o rio nutrindo-se da ponte e da figueira. o teu nome - alimentando o sangue que guardo neste poema.
Ruy Ventura
Saturday, June 26, 2004
Um cientista tem um tubo de ensaio com carneiros.
Quer saber se encolher um pasto para eles se ficam como
grãos de arroz. Quer saber se é possível encolher algo fora da
existência. Quer saber se os carneiros estão cientes da sua
pequenez, se têm algum sentido da escala. Talvez pensem que
o tubo de ensaio é um celeiro de vidro...
Quer saber o que deve fazer com eles;
têm certamente menos carne e lãs do que carneiros ordinários.
Reduziu seu valor comercial? Quer saber se poderiam ser
usados como um substituto para o arroz, um genérico do arroz...
Quer saber se se os friccionar obtém pasta
vermelha entre seus dedos. Quer saber se continuam produzindo,
ou se alguns deles morrem. Põe-os sob um microscópio, e
cai adormecido contando-os...
Russell Edson
Quer saber se encolher um pasto para eles se ficam como
grãos de arroz. Quer saber se é possível encolher algo fora da
existência. Quer saber se os carneiros estão cientes da sua
pequenez, se têm algum sentido da escala. Talvez pensem que
o tubo de ensaio é um celeiro de vidro...
Quer saber o que deve fazer com eles;
têm certamente menos carne e lãs do que carneiros ordinários.
Reduziu seu valor comercial? Quer saber se poderiam ser
usados como um substituto para o arroz, um genérico do arroz...
Quer saber se se os friccionar obtém pasta
vermelha entre seus dedos. Quer saber se continuam produzindo,
ou se alguns deles morrem. Põe-os sob um microscópio, e
cai adormecido contando-os...
Russell Edson
Thursday, June 24, 2004
Já não é a primeira vez que falo deste filme aqui,mas hoje voltou-me a dar uma vontade enorme de o rever. (e não é por ser com o meu Ewan)
Gostava tanto que traduzissem o livro da Sei Shonagon para português
When God made the first clay model of a human being He painted in the eyes ... the lips ... and the sex.
And then He painted in each person's name lest the person should ever forget it.
If God approves of His creation, He breathed the painted clay model into life by signing His own name.
Gostava tanto que traduzissem o livro da Sei Shonagon para português
When God made the first clay model of a human being He painted in the eyes ... the lips ... and the sex.
And then He painted in each person's name lest the person should ever forget it.
If God approves of His creation, He breathed the painted clay model into life by signing His own name.
Wednesday, June 23, 2004
Revelação
Hoje só fotografei árvores,
Dez, cem, mil.
Vou revelá-las à noite.
Quando a alma for câmara escura.
Depois vou classificá-las:
Segundo as folhas, os anéis dos troncos,
Segundo as suas sombras.
Ah, como as árvores
Entram facilmente umas nas outras!
Vejam, agora só me resta uma.
É esta que vou fotografar outra vez
E vou observar com assombro
Que se parece comigo.
Ontem só fotografei pedras.
E a pedra afinal
Parecia-se comigo.
Anteontem — cadeiras —
E a que resultou
Parecia-se comigo.
Todas as coisas se parecem terrivelmente
Comigo...
Tenho medo.
Marin Sorescu
Hoje só fotografei árvores,
Dez, cem, mil.
Vou revelá-las à noite.
Quando a alma for câmara escura.
Depois vou classificá-las:
Segundo as folhas, os anéis dos troncos,
Segundo as suas sombras.
Ah, como as árvores
Entram facilmente umas nas outras!
Vejam, agora só me resta uma.
É esta que vou fotografar outra vez
E vou observar com assombro
Que se parece comigo.
Ontem só fotografei pedras.
E a pedra afinal
Parecia-se comigo.
Anteontem — cadeiras —
E a que resultou
Parecia-se comigo.
Todas as coisas se parecem terrivelmente
Comigo...
Tenho medo.
Marin Sorescu
Sunday, June 20, 2004
Em noite de solstício ando perdida entre a música da Nico e a duas mais recentes paixões musicais , a Linda Perhacs e a Vashti Bunyan
The Fairest Of The Seasons
Now that it's time
Now that the hour hand has landed at the end
Now that it's real
Now that the dreams have given all they had to lend
I want to know do I stay or do I go
And maybe try another time
And do I really have a hand in my forgetting ?
Now that I've tried
Now that I've finally found that this is not the way,
Now that I turn
Now that I feel it's time to spend the night away
I want to know do I stay or do I go
And maybe finally split the rhyme
And do I really understand the undernetting ?
Yes and the morning has me
Looking in your eyes
And seeing mine warning me
To read the signs carefully.
Now that it's light
Now that the candle's falling smaller in my mind
Now that it's here
Now that I'm almost not so very far behind
I want to know do I stay or do I go
And maybe follow another sign
And do I really have a song that I can ride on ?
Now that I can
Now that it's easy, ever easy all around.
Now that I'm here
Now that I'm falling to the sunlights and a song
I want to know do I stay or do I go
And do I have to do just one
And can I choose again if I should lose the reason ?
Yes, and the morning
Has me looking in your eyes
And seeing mine warning me
To read the signs more carefully.
Now that I smile,
Now that I'm laughing even deeper inside.
Now that I see,
Now that I finally found the one thing I denied
It's now I know do I stay or do I go
And it is finally I decide
That I'll be leaving
In the fairest of the seasons.
Nico
The Fairest Of The Seasons
Now that it's time
Now that the hour hand has landed at the end
Now that it's real
Now that the dreams have given all they had to lend
I want to know do I stay or do I go
And maybe try another time
And do I really have a hand in my forgetting ?
Now that I've tried
Now that I've finally found that this is not the way,
Now that I turn
Now that I feel it's time to spend the night away
I want to know do I stay or do I go
And maybe finally split the rhyme
And do I really understand the undernetting ?
Yes and the morning has me
Looking in your eyes
And seeing mine warning me
To read the signs carefully.
Now that it's light
Now that the candle's falling smaller in my mind
Now that it's here
Now that I'm almost not so very far behind
I want to know do I stay or do I go
And maybe follow another sign
And do I really have a song that I can ride on ?
Now that I can
Now that it's easy, ever easy all around.
Now that I'm here
Now that I'm falling to the sunlights and a song
I want to know do I stay or do I go
And do I have to do just one
And can I choose again if I should lose the reason ?
Yes, and the morning
Has me looking in your eyes
And seeing mine warning me
To read the signs more carefully.
Now that I smile,
Now that I'm laughing even deeper inside.
Now that I see,
Now that I finally found the one thing I denied
It's now I know do I stay or do I go
And it is finally I decide
That I'll be leaving
In the fairest of the seasons.
Nico
Friday, June 18, 2004
É preciso soltar o ritmo que me prende.
Esta amarra de ferro à palavra e ao som.
Emudecer, no espaço, o arco e a corrente
E ser nesta varanda um pouco só de cor.
Não saber se uma flor é mesmo uma criança.
Se um muro de jardim é proa de navio.
Se o monumento fala, se o monumento dança.
Se esta menina cega é uma estátua de frio.
Um pássaro que voa pode ser um perfume.
Uma vela no rio, um lenço no meu rosto.
Na tarde de Fevereiro estar um dia de Outubro.
Nos meus olhos de morta uma noite de Agosto.
É preciso soltar o ritmo das marés,
Das estações, do Amor, dos signos e das águas,
Os duendes das plantas, os génios dos rochedos
Nos cabelos do Vento, as tranças de arvoredos.
Desordenai-me, luz! Que nada mais dependa
Das águas, das marés, dos signos e do Amor.
É preciso calar o arco e a corrente
E ser nesta varanda um pouco só de cor.
Natércia Freire
Esta amarra de ferro à palavra e ao som.
Emudecer, no espaço, o arco e a corrente
E ser nesta varanda um pouco só de cor.
Não saber se uma flor é mesmo uma criança.
Se um muro de jardim é proa de navio.
Se o monumento fala, se o monumento dança.
Se esta menina cega é uma estátua de frio.
Um pássaro que voa pode ser um perfume.
Uma vela no rio, um lenço no meu rosto.
Na tarde de Fevereiro estar um dia de Outubro.
Nos meus olhos de morta uma noite de Agosto.
É preciso soltar o ritmo das marés,
Das estações, do Amor, dos signos e das águas,
Os duendes das plantas, os génios dos rochedos
Nos cabelos do Vento, as tranças de arvoredos.
Desordenai-me, luz! Que nada mais dependa
Das águas, das marés, dos signos e do Amor.
É preciso calar o arco e a corrente
E ser nesta varanda um pouco só de cor.
Natércia Freire
Thursday, June 17, 2004
Broken Bicycles
Broken bicycles, old busted chains
With rusted handle bars, out in the rain
Somebody must have an orphanage for
All these things that nobody wants any more
September's reminding July
It's time to be saying goodbye
Summer is gone, but our love will remain
Like old broken bicycles out in the rain
Broken bicycles, don't tell my folks
There’s all those playing cards pinned to the spokes
Laid down like skeletons out on the lawn
The wheels won't turn when the other has gone
The seasons can turn on a dime
Somehow I forget every time
For all the things that you've given me will always stay
Broken, but I'll never throw them away
Tom Waits
Broken bicycles, old busted chains
With rusted handle bars, out in the rain
Somebody must have an orphanage for
All these things that nobody wants any more
September's reminding July
It's time to be saying goodbye
Summer is gone, but our love will remain
Like old broken bicycles out in the rain
Broken bicycles, don't tell my folks
There’s all those playing cards pinned to the spokes
Laid down like skeletons out on the lawn
The wheels won't turn when the other has gone
The seasons can turn on a dime
Somehow I forget every time
For all the things that you've given me will always stay
Broken, but I'll never throw them away
Tom Waits
Tuesday, June 15, 2004
Monday, June 14, 2004
Em jeito de prenda para a minha barbilinda, Parabéns menina
Aurélia de Sousa na varanda sobre o Douro
É como quem se olhasse
num auto-retrato antigo e fluente
Ela sabe, como eu, da abatida constelação da casa
mas enfrenta-me, acabou de nascer
e abre imensamente os olhos
A névoa abraça-nos até ao osso
respira no ferro e no granito sob todas as mãos
Estranham-me a paixão dos retratos impassíveis
não sabem como visto
numa sombra perfeitamente de mim
a cidade que parti e não conheço
e nem sequer posso esquecer
Gestos soltos noutra varanda, ao fim da mesma tarde
entre escadas e o cais e o ar e o mar
Ela sabe, como eu, tudo desta casa
mas não pára de me encarar
tudo, edificação de sombras lentamente sobre sombras
o frágil furacão que vai ficando
Estranham-me a roupa escura e os olhos claros
o camafeu que disfarça os dois seios
sim. eles estão cá, inteiros, e apenas sou
a mulher que passa pelos pátios
Por mim, distraem-me os mínimos trabalhos
certa jardinagem, grades sobre rendas
Algo sopra dos fundos dos quartos
fecha as janelas, murmura versos que não possas viver
Mas ela pinta intensamente e se assim te debruça
atravessa-te toda a água do rio
o espelho inteiro da tua vida
José Manuel Teixeira da Silva
Aurélia de Sousa na varanda sobre o Douro
É como quem se olhasse
num auto-retrato antigo e fluente
Ela sabe, como eu, da abatida constelação da casa
mas enfrenta-me, acabou de nascer
e abre imensamente os olhos
A névoa abraça-nos até ao osso
respira no ferro e no granito sob todas as mãos
Estranham-me a paixão dos retratos impassíveis
não sabem como visto
numa sombra perfeitamente de mim
a cidade que parti e não conheço
e nem sequer posso esquecer
Gestos soltos noutra varanda, ao fim da mesma tarde
entre escadas e o cais e o ar e o mar
Ela sabe, como eu, tudo desta casa
mas não pára de me encarar
tudo, edificação de sombras lentamente sobre sombras
o frágil furacão que vai ficando
Estranham-me a roupa escura e os olhos claros
o camafeu que disfarça os dois seios
sim. eles estão cá, inteiros, e apenas sou
a mulher que passa pelos pátios
Por mim, distraem-me os mínimos trabalhos
certa jardinagem, grades sobre rendas
Algo sopra dos fundos dos quartos
fecha as janelas, murmura versos que não possas viver
Mas ela pinta intensamente e se assim te debruça
atravessa-te toda a água do rio
o espelho inteiro da tua vida
José Manuel Teixeira da Silva
Sunday, June 13, 2004
A felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela.
Tinha feições de menino inconsolável.
Um menino impúbere
ainda sem amor para ninguém,
gostando apenas de demorar as mãos
ou de roçar lentamente o cabelo pelas faces humanas.
E, como menino que era,
achava um grande mistério no seu próprio nome.
Jorge de Sena
Saturday, June 12, 2004
estou com saudades do ossanha:(
I am depressed, O so depressed.
I go to the porch and extend my fingers
Over the taut skin of night.
The lamps that link are dark, O so dark.
No one will introduce me to the sunlight
Or escort me
To the sparrows' gathering.
Commit flight to memory,
For the bird is mortal.
Forugh Farrokhzad
I am depressed, O so depressed.
I go to the porch and extend my fingers
Over the taut skin of night.
The lamps that link are dark, O so dark.
No one will introduce me to the sunlight
Or escort me
To the sparrows' gathering.
Commit flight to memory,
For the bird is mortal.
Forugh Farrokhzad
Friday, June 11, 2004
Thursday, June 10, 2004
Tuesday, June 8, 2004
Desde que li este poema, que ele me marcou muito (quase tanto como o seu autor)
Primeiro esqueci o cheiro
E ao acordar já não senti o sabor da sua boca
Depois o corpo tornou-se memória
Em vez de impressão
Esfumado, perdido, inglório
O seu rosto desaparecia
Ficavam quase nem os contornos
E no fim sentia só uma tristeza
De promessa feita e não tornada
Miguel Soares
Primeiro esqueci o cheiro
E ao acordar já não senti o sabor da sua boca
Depois o corpo tornou-se memória
Em vez de impressão
Esfumado, perdido, inglório
O seu rosto desaparecia
Ficavam quase nem os contornos
E no fim sentia só uma tristeza
De promessa feita e não tornada
Miguel Soares
Monday, June 7, 2004
Para o João, pensando em Vénus :)
Lá em cima há planícies sem fim
Há estrelas que parecem correr
Há o Sol e o dia a nascer
E nós aqui sem parar numa Terra a girar
Lá em cima há um céu de cetim
Há cometas, há planetas sem fim
Galileu teve um sonho assim
Há uma nave no espaço a subir passo a passo
Lá em cima pode ser o futuro
Alegria, vamos saltar o Mundo
E a rir, unidos num abraço
Vamos contar uma história
Era uma vez o Espaço
Lá em cima já não há sentinelas
Sinfonia toda feita de estrelas
Uma casa sem portas nem janelas
É estenderes o braço e tu estás no Espaço!
Paulo de Carvalho
Lá em cima há planícies sem fim
Há estrelas que parecem correr
Há o Sol e o dia a nascer
E nós aqui sem parar numa Terra a girar
Lá em cima há um céu de cetim
Há cometas, há planetas sem fim
Galileu teve um sonho assim
Há uma nave no espaço a subir passo a passo
Lá em cima pode ser o futuro
Alegria, vamos saltar o Mundo
E a rir, unidos num abraço
Vamos contar uma história
Era uma vez o Espaço
Lá em cima já não há sentinelas
Sinfonia toda feita de estrelas
Uma casa sem portas nem janelas
É estenderes o braço e tu estás no Espaço!
Paulo de Carvalho
Saturday, June 5, 2004
Às pessoas saudáveis faço o seguinte apelo: não teimem em ler apenas esses livros saudáveis, travem um conhecimento mais estreito, também, com a literatura dita doentia, que vos transmitirá decerto, uma cultura edificante. As pessoas saudáveis deviam sempre expor-se um pouco ao perigo. Senão, com mil raios, para que serve ser saudável?
Robert Walser
Robert Walser
Friday, June 4, 2004
Wednesday, June 2, 2004
Para os que me mimaram hoje (e sempre)
UM MANTO DE TERNURA
Dizer-te, meu amigo,
que, à uma da manhã
e desta noite,
está lindo o nevoeiro
que um manto de sossego
assim inteiro
eu desejava dar-te
- e ter comigo.
Enviava-te um frasco,
se pudesse,
fechado em carta azul,
ou por fax de sol
(não fora o medo que o sol
o desfizesse)
Assim, mando daqui
esta espessura
de cheiro muito branco
e muito belo:
um manto de ternura
dobado num novelo,
que chegue
até aí.
Ana Luísa Amaral
UM MANTO DE TERNURA
Dizer-te, meu amigo,
que, à uma da manhã
e desta noite,
está lindo o nevoeiro
que um manto de sossego
assim inteiro
eu desejava dar-te
- e ter comigo.
Enviava-te um frasco,
se pudesse,
fechado em carta azul,
ou por fax de sol
(não fora o medo que o sol
o desfizesse)
Assim, mando daqui
esta espessura
de cheiro muito branco
e muito belo:
um manto de ternura
dobado num novelo,
que chegue
até aí.
Ana Luísa Amaral
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