no momento em que me cresce nos olhos a morte dos sorrisos
as palavras são pancadas secas reinventadas numa natureza morta com lágrimas
com um sussurro na boca inspiro e expiro pétalas
E na explosão do silêncio, acabo de nascer na ausência
sim
as lágrimas cheiram a tulipas.
assusta-me a respiração desordenada dos instantes
onde o esquecimento está entre o sol e o sal.
dividida entre a luz inocente e as sílabas que a matam
devia fazer frio mas o sol é espesso
as tulipas e as mãos escrevem palavras no limiar da caligrafia
cristalizam-se estribilhos de mágoa
ninguém lê nas lacunas que separam a sombra dos dias
e onde começa a dor, voam lábios atados pelo silêncio.
a luz inocente aguarda a noite onde
as mãos abandonam-se aos dias por abrir
quando os rumores dão um nó nas lágrimas
que me bebem os olhos
as noites são frágeis e cortam o amanhecer
lentamente a luz cai sobre as palavras
tenho feridas no limiar da manhã quando vocábulos
dançam a pique numa metamorfose que
lentamente cai sobre as palavras
eue
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