Wednesday, November 3, 2004





Encosto a cara às quimeras da infância, para exorcizar

a inocência perdida e rodopiar, sobre os sonhos, a valsa

solitária da criança que fui, quando as minhas mãos, nativas

do sol, eram aves de múltiplas cores.

Paro todos os relógios, para escutar a respiração dos dias.

E, como um actor que se esgota na personagem, rasgo

o cenário e danço, como um louco, em redor de malogros

entrelaçados nos meus pulsos. Tenho, em volta do pescoço,

uma lua transparente que me enrouquece a voz.



Graça Pires





No comments: